quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Já me tinha esquecido...


Já me tinha esquecido…

Hoje quis escrever, já a minha memória me anda a falhar há muito tempo. Tive medo. Tive medo porque poderia querer escrever e nada me sair. Tive medo. Podia escrever coisas que não nasceram para ser escritas. Mas ainda assim, escrevi. Deixei que parte do imenso turbilhão de pensamentos que me consomem durante o dia pudessem de alguma forma emergir, irremediavelmente desorganizados, ao meu pequeno eu.

É difícil transcrever pensamentos. Muito mais difícil será tentar perceber parte deles. E os meus então… ‘oh irremediável alma, que não pensas como imaginas…’.
Hoje encontrei-me. Numa imensidão de dia que não parece ter fim, rodeada de gente, de quem as caras me parecem estranhamente familiares, consegui encontrar-me.

E pensei… Lembrei-me do que já há algum tempo me ando a esquecer…
Tinha-me esquecido.
Tinha-me esquecido do quão fácil é perder-me numa música, num solo de guitarra, numa frase solta, cheia de poder e independência.
Tinha-me esquecido do quão já longe vai o meu passado. O passado bom. Sim, porque o mau acompanha-me todos os dias. Mas hoje, o bom decidiu fazer-me uma visita, e com ele trouxe todas as coisas das quais eu já me tinha esquecido. Tinha-me esquecido que se não disser isto agora, talvez me vá ficar preso para sempre. Tantos pensamentos que vêm e não vão, começam a ser demasiados. Tinha-me esquecido que não sou pessoa de guardar pensamentos, pelo menos retê-los. Os que devem ficar sabem o lugar deles.

Pelo menos assim era, desde que me lembro, ou desde que não me tenha esquecido.
Tinha-me esquecido do quão bom é desenhar á meia luz, no chão do quarto a que chamo meu. Tinha me esquecido do quão bom é fechar os olhos no escuro a escutar o que tenho a dizer a mim mesma. Tinha-me esquecido do quão importante é estar acordada quando o resto do mundo já dorme profundamente.
Já me tinha esquecido de como era ser feliz!
Tinha vindo a lembrar-me de ti!

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